quarta-feira, 24 de março de 2010

"Modos de fazer" ler

Acontece de quinta-feira, 25, ao sábado 27 de março, em Guarabira, a Primeira Jornada Pedagógica do Projeto Formação de professores de escolas rurais: Fortalecendo a Educação do Campo desenvolvido pelo SEDUP. Esse projeto oferece capacitação, acompanha o planejamento e a ação dos professores em sala de aula e discute a criação de conselhos escolares no município de Pilões, desde março de 2008. Essa ação conta com o apoio da Brazil Foundation, financiamento do Instituto HSBC Solidariedade e parceria da Prefeitura de Pilões. Abaixo uma entrevista com o professor Élie Bajard, Doutor em Lingüística pela École des Hautres Études. Trabalha com formação de professores há mais de 40 anos em vários países a exemplo da Argélia, Marrocos e França. No Brasil idealizou o projeto do Ministério da Educação e Cultura que se chamava Pró Leitura em de 1990 a 1994. Já trabalhou com formação em 12 estados brasileiros e será o facilitador desse mais recente módulo de formação com os professores das escolas rurais de Pilões.


Em que consiste a metodologia que será trabalhada nessa formação durante esses três dias?

Sensibilizar os professores a uma abordagem da leitura baseada na prática do livro. Aprender a ler sem livro é o mesmo que aprender a nadar sem água. Durante a formação pretendo oferecer aos educadores dois “modos de fazer” educacionais que poderão dar sentido à sua atuação, qualquer que seja o método utilizado por eles.

O primeiro “modo de fazer” consiste em propor à criança afastada do mundo da leitura a aproximação do livro que as crianças de pais letrados recebem em casa, isto é, escutar textos e folhear livros. Cada pessoa letrada pode se tornar mediadora de leitura.

O segundo “modo de fazer” se dirige ao professor para que ele possa colocar a criança numa verdadeira situação de descoberta de texto. O ato de ler consiste em transformar um texto desconhecido em texto conhecido. Esse ato deve ser introduzido no âmago de qualquer método, pois o professor tem a responsabilidade de ensinar a criança a compreender o texto.


Quais suas expectativas em relação à experiência de trabalhar uma metodologia como essa numa realidade como a do Nordeste rural do Brasil?

Espero conseguir suscitar nos professores que eles precisam de livros para trabalhar a prática da leitura. E espero conseguir convencê-los de que precisam disso. Imagino que posso encontrar professores que não tenham nada para trabalhar, não tenha livros, e quem irão me questionar sobre como fazer. Como ensinar alguém a nadar numa tal situação de seca em que me encontro?


Há quanto tempo trabalha essa metodologia? E porque aceitou o convite do SEDUP?

Moro em Paris e trabalho há mais de 40 anos em vários lugares do mundo. Nunca trabalhei diretamente no meio rural no Brasil. E quando soube que essa experiência seria no interior da Paraíba me interessei em vir.

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