sexta-feira, 19 de junho de 2015

Seminário discute o tráfico de seres humanos




Transformado em um negócio lucrativo, só o tráfico internacional de mulheres e crianças movimenta, anualmente, de US$ 7 bilhões a US$ 9 bilhões, perdendo em lucratividade somente para o tráfico de drogas e o contrabando de armas (segundo informações do Escritório das Nações Unidas Contra Drogas e Crime - UNODC). Essa problemática, no Brasil, ganhou maior visibilidade através da Campanha da Fraternidade e será abordada na cidade de Guarabira e região no Seminário Enfrentamento ao Tráfico de Seres Humanos, realizado pelo Sedup - Serviço de Educação Popular, amanhã, sábado, 20 de junho de 2015, no Sindicato de Trabalhadores Rurais, no centro da cidade.

O seminário é a atividade de conclusão do Curso Juristas Populares no Enfrentamento ao Tráfico Humano, uma realização do SEDUP, em parceria com a Fundação Margarida Maria Alves (FDDHMMA), com recursos do Fundo Nacional de Solidariedade, provenientes da Coleta da Solidariedade, realizada no contexto da Campanha da Fraternidade que abordou a temática Fraternidade e Tráfico Humano.

O Curso de Juristas é uma experiência de formação legal e jurídica executado há 13 anos pela Fundação Margarida Maria Alves, que teve sua primeira experiência de interiorização na cidade de Guarabira a partir da parceria com o Serviço de Educação Popular. Esse projeto, realizado em oito módulos, com foco específico no tráfico de pessoas, foi elaborado na perspectiva de complementar os conteúdos trabalhados com alunos/as das duas turmas de Juristas Populares realizadas na região do brejo paraibano entre 2012 e 2013, envolvendo lideranças populares de oito municípios (Pirpirituba, Araçagi, Pilões, Pilõezinhos, Cuitegí, Alagoa Grande, Guarabira e Duas Estradas).

O curso trabalhou o tema da violação de direitos, discriminação e violência envolvida no tráfico de seres humanos, com destaque para a população de mulheres, transexuais femininas e crianças em três oficinas temáticas e dois módulos sobre legislação. Ivison Sheldon, advogado da Fundação Margaria Maria Alves foi o facilitador dos dois módulos focados na legislação nacional e internacional protetiva para o caso do tráfico humano, além dos instrumentos de combate e proteção. Nas oficinas temáticas foram abordadas a realidade de discriminação enfrentada por mulheres, transexuais e crianças tornand0-as vítimas fáceis da exploração sexual, para o trabalho forçado e escravo e até para a retirada de órgão para contrabando.
“A população precisa atentar para a situação de exposição em que colocamos centenas de mulheres, crianças, adolescentes e mulheres transexuais, quando as discriminamos e, muitas vezes, abandonamos a própria sorte deixando esses seres humanos numa situação de vulnerabilidade que as transforma em vítimas fáceis dos aliciadores”, afirma Luciel Araújo, coordenador do SEDUP. “As condições de pobreza, a falta de estudo e trabalho gerados pelo preconceito e a discriminação empurram essas pessoas para os trabalhos precários e à prostituição que as aproximam mais ainda de exploradores e traficantes”, complementa.

O seminário, aberto à população, contará, além da participação do SEDUP e da Fundação Margarida Maria Alves, com a participação do Centro da Mulher 8 de Março, organização feminista com sede em João Pessoa, e da Rede Um Grito Pela Vida, uma rede que, desde 2006, atua de forma articulada com outras organizações em diversas regiões do país, promovendo e participando de ações de prevenção a fim de coibir o crescimento deste mercado do crime.

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