Transformado em um negócio lucrativo, só o tráfico
internacional de mulheres e crianças movimenta, anualmente, de US$ 7 bilhões a
US$ 9 bilhões, perdendo em lucratividade somente para o tráfico de drogas e o
contrabando de armas (segundo informações do Escritório das Nações Unidas
Contra Drogas e Crime - UNODC). Essa problemática, no Brasil, ganhou maior
visibilidade através da Campanha da Fraternidade e será abordada na cidade de
Guarabira e região no Seminário Enfrentamento
ao Tráfico de Seres Humanos, realizado pelo Sedup - Serviço de Educação
Popular, amanhã, sábado, 20 de junho de 2015, no Sindicato de
Trabalhadores Rurais, no centro da cidade.
O seminário é a atividade de conclusão do Curso
Juristas Populares no Enfrentamento ao Tráfico Humano, uma realização do SEDUP,
em parceria com a Fundação Margarida Maria Alves (FDDHMMA), com recursos do Fundo Nacional de Solidariedade,
provenientes da Coleta da Solidariedade, realizada no contexto da Campanha da Fraternidade que abordou a temática Fraternidade e
Tráfico Humano.
O Curso de Juristas é uma experiência de formação
legal e jurídica executado há 13 anos pela Fundação Margarida Maria Alves, que
teve sua primeira experiência de interiorização na cidade de Guarabira a partir
da parceria com o Serviço de Educação Popular. Esse projeto, realizado em oito
módulos, com foco específico no tráfico de pessoas, foi elaborado na
perspectiva de complementar os conteúdos trabalhados com alunos/as das duas
turmas de Juristas Populares realizadas na região do brejo paraibano entre 2012
e 2013, envolvendo lideranças populares de oito municípios (Pirpirituba,
Araçagi, Pilões, Pilõezinhos, Cuitegí, Alagoa Grande, Guarabira e Duas
Estradas).
O curso trabalhou o tema da violação de direitos,
discriminação e violência envolvida no tráfico de seres humanos, com destaque
para a população de mulheres, transexuais femininas e crianças em três oficinas
temáticas e dois módulos sobre legislação. Ivison Sheldon, advogado da Fundação
Margaria Maria Alves foi o facilitador dos dois módulos focados na legislação
nacional e internacional protetiva para o caso do tráfico humano, além dos
instrumentos de combate e proteção. Nas oficinas temáticas foram abordadas a
realidade de discriminação enfrentada por mulheres, transexuais e crianças tornand0-as
vítimas fáceis da exploração sexual, para o trabalho forçado e escravo e até
para a retirada de órgão para contrabando.
“A população precisa atentar para a situação de
exposição em que colocamos centenas de mulheres, crianças, adolescentes e
mulheres transexuais, quando as discriminamos e, muitas vezes, abandonamos a
própria sorte deixando esses seres humanos numa situação de vulnerabilidade que
as transforma em vítimas fáceis dos aliciadores”, afirma Luciel Araújo,
coordenador do SEDUP. “As condições de pobreza, a falta de estudo e trabalho
gerados pelo preconceito e a discriminação empurram essas pessoas para os
trabalhos precários e à prostituição que as aproximam mais ainda de
exploradores e traficantes”, complementa.
O seminário, aberto à população, contará, além da
participação do SEDUP e da Fundação Margarida Maria Alves, com a participação
do Centro da Mulher 8 de Março, organização feminista com sede em João Pessoa,
e da Rede Um Grito Pela Vida, uma rede que, desde 2006, atua de forma
articulada com outras organizações em diversas regiões do país, promovendo e
participando de ações de prevenção a fim de coibir o crescimento deste mercado
do crime.