Margarida Maria Alves sempre lutou pelos direitos dos
trabalhadores e trabalhadoras rurais. Foi a primeira mulher presidente
do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, região do brejo
paraibano, onde atuou por 12 anos. Defendia piamente “eu prefiro
morrer na luta do que morrer de fome”. No dia 12 de agosto de 1983 foi
assassinada brutalmente. Desde então nesse dia a sindicalista Maria da Penha,
também já falecida, e a camponesa- repentista Maria Soledade Leite, se
dedicariam a luta pela punição dos assassinos e por não deixar a voz de
Margarida se calar.
Em 2014, a marcha em homenagem a Margarida Maria Alves marcou
também o Dia Nacional de Lutas e pautou a importância do Plebiscito Popular
pela Constituinte Soberana e Exclusiva. “O
que tanto Margarida e nós lutamos foi e é pelos direitos das mulheres e dos
trabalhadores rurais, a reforma política é a continuação da resistência dela”,
ressaltou Maria Soledade Leite, do Movimento da Mulher Trabalhadora (MMT-PB). Cerca
de 50 pessoas participaram da marcha em Alagoa Grande, que concentrou no
Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) e caminhou até o Museu Margarida Maria
Alves.
Antes do início da caminhada, representantes do Comitê
Regional do Plebiscito Popular pela Constituinte da região do Brejo e Curimataú
Paraibano explicaram o que é o plebiscito popular e a constituinte.
Mobilizaram os coletivos de mulheres presentes a irem às urnas no período de 01
a 07 de setembro para votarem no STR à seguinte questão: “Você é a favor de uma
Constituinte Exclusiva e Soberana sobre o Sistema Político?”. Depois a marcha
seguiu cantando músicas símbolos dos movimentos até a Casa de Margarida, onde
foi rezado um Pai Nosso e organizada uma bonita ciranda pela comunidade quilombola
Caiana dos Crioulos.
A participação política das mulheres é urgente e necessária
quando pensamos na luta pelos direitos das mulheres em um contexto que ainda
prevalece a discriminação e a desigualdade, e a que a maioria do espaço público
é ocupada por homens. Este cenário mudou, mas ainda continua como sombra e
fantasmas rondando o direito feminino. “Não
vamos deixar calar essa voz, ainda precisamos conquistar muitas coisas, uma
delas é o fortalecimento agora da Coordenadoria Especial de Políticas Públicas
para Mulheres criada no mês passado pela gestão municipal aqui em Alagoa
Grande. Esse espaço é um resultado nosso de muitos anos, de se ter um local de
atendimento às mulheres vítimas de violência e também um lugar onde possamos
construir políticas que melhorem a vida de todas nós”, destacou Luzia Soares,
presidente do Movimento da Mulher Trabalhadora (MMT-PB).
A programação da semana em homenagem a Margarida continua hoje (13/08) com a visita aos túmulos de Margarida e Marinelma Leite Vieira (passagem dos 12 anos de seu falecimento), filha de Soledade Leite, às 16h e a realização de uma missa na Matriz Nossa Senhora da Boa Viagem às 19h. Na quinta-feira (14/08) visita a comunidade quilombola Caiana dos Crioulos e palestra sobre violência contra a mulher e sobre o Plebiscito Popular pela Constituinte pela equipe do Sedup e representantes do Comitê Regional.
Margarida Maria Alves
Margarida Maria Alves começou a trabalhar na agricultura aos
oito anos e foi expulsa de sua terra em 1962 por um grupo de coronéis
canavieiros. Desde então direcionou suas lutas para a defesa sindical: carteira
assinada, férias, décimo terceiro, repouso remunerado. Foi uma das fundadoras
do Movimento da Mulher Trabalhadora (MMT-PB), primeira organização composta só
por mulheres da América Latina.
*A frase faz
alusão a necessidade de reforma política para uma maior representatividade de
mulheres no Congresso e foi utilizada ontem (12/08/2014) em um dos cartazes
levantados pelas mulheres durante a marcha Margarida Maria Alves
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